Seguindo Cristo: Dez marcas do ministério cristocêntrico

Hoje obtivemos, sem nenhuma dificuldade, pela boa mão de Deus, instalações muito adequadas para a Lar da criança órfã. Se tivéssemos despendido muitos milhares de libras na construção de uma casa, dificilmente teríamos construído uma mais apropriada para esse propósito. Como a mão de Deus é evidente em todas essas questões! Como é importante deixar nossas preocupações, grandes ou pequenas, com Ele, pois Ele tudo faz bem! Se nosso trabalho é Sua obra, prosperaremos nele.17

GEORGE MÜLLER

Esse capítulo contém as dez marcas que Cristo exibiu em Seu ministério terreno. Cada uma delas pode ser identificada na Igreja Primitiva por todo o Novo Testamento. Resumindo, cremos que esta representa a direção que Jesus estabeleceu para o ministério e o caminho que os primeiros discípulos trilharam.

Devemos considerar três hipóteses antes de explorarmos essas dez marcas. Primeira, qualquer pessoa que deseje seguir a Deus e participar com Ele em Sua obra deve resistir às três tentações relacionadas ao controle, idolatria e orgulho. Aqueles que não o fizerem, cairão na armadilha do diabo, adotando o modo de pensar do mundo e, provavelmente, terminarão como os religiosos do primeiro século: orgulhosos, controladores que amam o dinheiro. Nossa oração é que até aqui esse estudo tenha promovido o autoexame e, quando necessário, o arrependimento e a resolução de definir o sucesso nos termos do reino de Deus, em vez daquele do caminho comum.

Segunda, essas dez marcas são formativas, não fórmulas. Não são uma lista de coisas que devemos adquirir, nem uma fórmula mágica para o sucesso ministerial. Ou seja, elas são descritivas, não prescritivas. Elas marcaram o caminho de Jesus, que é importantíssimo que compreendamos, especialmente à luz de Seu abrangente imperativo: “Siga-me”. Pelo fato de que “seguir” é um processo, sugeriremos práticas formativas com cada uma das dez características para que possamos desenvolver uma vida centrada em Cristo. Essas são sugestões práticas para que se discirna como permanecer no caminho do reino.

Terceira hipótese, essas características bíblicas foram escritas para os seguidores de Cristo. Como tais, elas não são ideias nossas, mas conceitos bíblicos. São as instruções de Deus, que parecerão tolice para o mundo. Tudo bem, por nós. Não escrevemos esse livro para o mundo. Já há livros suficientes para os pensadores que de nem o sucesso em termos de crescimento e expansão.

Esse livro é para os seguidores de Jesus que querem (nas palavras de George Müller que abriram esse capítulo) nada mais do que seu trabalho seja a obra do Senhor. A Madre Teresa de Calcutá também compartilhava deste ponto de vista. “Como podemos superar Deus em Sua generosidade: se nós, pobres seres humanos, lhe entregamos tudo e rendemos todo nosso ser em Seu serviço? Ele, com certeza, ficará ao nosso lado e conosco, já que tudo em nós lhe pertence.”18 Quando nosso trabalho é a obra do Senhor realizada por nosso intermédio e em Seus termos, os resultados serão os frutos do reino.

Propomos dez marcas: duas para cada uma das cinco facetas do caminho do reino. Cremos que elas indicam o caminho para cada um de nós — quer sejamos pastores ou membros, executivos ou empregados — envolvidos na obra de Deus e que desejam buscar os resultados do reino.

Independentemente do caminho que os outros tomem, siga a Cristo conosco com o zelo de Jonathan Edwards cujas 70 Resoluções estão resumidas como a seguir: “Resolução um: Viverei para Deus. Resolução dois: Se ninguém mais o fizer, ainda assim eu viverei para Deus”.19 E que nessa união, Deus possa acender a chama de um novo Grande Avivamento, como con- sequência dessa escolha.

Liderança baseada na mordomia

As duas primeiras marcas exibidas por Cristo e pelos primeiros discípulos nos trazem o modelo de sistema operacional para a liderança baseada na mordomia. Tudo começa com a submissão ao Pai. Isso envolve tudo o que pensamos, dizemos ou fazemos. A partir daí nossa liderança deve ser cheia do Espírito Santo, guiada e empoderada por Ele. Ofereceremos sugestões para crescimento e aplicação em cada uma das marcas.

Marca n.o 1 — Submissão ao Pai

Jesus forneceu o modelo de submissão em Seu relacionamento com o Pai. Tudo o que Ele desejava era dizer o que o Pai lhe ordenava dizer e fazer. Ele proclamou em João 5:19: “Então, lhes falou Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz”. Além disso, em João 5:30 Cristo a afirma qual era o foco principal do Seu ministério: cumprir a vontade do Pai.

Como Jesus sustentou a Sua postura submissa? Ele se retirava das multidões para ter Seu tempo a sós com o Pai (MARCOS 1:35). Seu exemplo demonstra que a oração precede a ação ou a atividade. Mais tarde, os líderes da Igreja Primitiva seguiram o mesmo padrão.

Em Atos 6:4, os discípulos revelam sua devoção à oração e à Palavra. Apesar das demandas ligadas ao crescimento exponencial da Igreja, eles se recusaram a permitir que qualquer outra atividade suplantasse essas disciplinas sagradas. Não apenas Jesus era submisso ao Pai, Seus discípulos também o eram! Eles adotaram o ritmo de Jesus e imitaram Sua vida centrada no Pai.

E quanto a nós? Como está a submissão em nossa vida e minis- tério? Quem conduz todas as coisas? Se não for o Pai, então estamos escravizados ao que quer que esteja nos guiando.

A submissão ao Pai não é um exercício que se pratica uma só vez, mas é um processo constante e ativo de discernir a vontade do Pai e cumpri-la, não importa o custo. Dietrich Bonhoeffer nos lembra: “Quando Cristo chama um homem, Ele lhe propõe que venha e morra”.20 Assim, nós também deve- mos morrer, pessoal e profissionalmente, para nossas ambições e desejos orgulhosos.

Pessoalmente, nós nos esforçamos para ter esse tempo com o Pai? Ou nossa vida é tão dirigida pela pressão do desempenho e por produzir resultados que pouco tempo é deixado para Deus? É interessante notar que no ministério de Jesus e da Igreja Primitiva, a oração era uma prioridade. É assim conosco? Qual a evidência disso em nossa vida?

Além disso, estamos investindo tempo com a Palavra de Deus? Isso não envolve a aquisição de conhecimento; ao contrário, se relaciona com conhecer a Deus e refletir Seu amor, como o poeta inglês, John Milton, observou: “O objetivo final de todo o aprendizado é conhecer a Deus e, em consequência desse conhecimento, amar e imitar o Senhor”.21 Separamos tempo para permitir que a Palavra de Deus nos transforme, para que exibamos a vida submissa que Cristo nos deixou como exemplo?

 

Marca n.o 2 — Ser cheio, guiado e empoderado pelo Espírito Santo

Em Lucas 4:1 vemos Jesus retratado como cheio do Espírito Santo e por Ele guiado. Então, depois de Suas vitórias sobre o diabo, Seu ministério começa no poder do Espírito (LUCAS 4:14). O Espírito Santo encheu, guiou e concedeu poder ao ministério de Jesus.

Próximo ao m de Seu ministério terreno, Jesus disse aos discípulos que oraria pedindo ao Pai para que enviasse o Espírito Santo para lhes ensinar todas as coisas e para ajudá-los a lembrar de tudo o que o Mestre lhes ensinara (JOÃO 14:25). Que presente! É tão maravilhoso que João Crisóstomo, um líder na Igreja Primitiva, proclamou: “Deus nos deu o maior de todos os dons e em abundância… Qual é esse presente? É o Espírito Santo!”22 Nós compartilhamos esse entusiasmo?

Quando o Espírito Santo desceu em Atos 2, a cena é descrita como tendo mais efeitos especiais do que um filme de ficção científica e mais ação do que um suspense épico. A presença de Deus encheu o lugar! Um som como de um vento impetuoso soprou por toda a casa onde estavam reunidos, e línguas como de fogo repousaram sobre eles. De repente, todos começaram a falar nas línguas das nações do mundo antigo. Por que isso é importante?

Jesus lhes dissera, em Atos 1:8, que eles iriam receber poder com a vinda do Espírito Santo e que seriam testemunhas em Jerusalém, Judeia, Samaria e até os confins da Terra. Cristo não apenas contou aos Seus discípulos que ministério teriam, também providenciou o poder para ministrar, por meio do Espírito Santo.

Conforme o ministério expandia na Igreja Primitiva, as coisas cresceram muito mais do que os discípulos davam conta. Cooperadores que eram cheios “de fé e do Espírito Santo” foram eleitos (ATOS 6:5). Uma leitura rápida de Atos revela que não é o trabalho do homem, mas o poder do Espírito que é a principal força na missão. Por todo o Novo Testamento, os seguidores são cheios, guiados e fortalecidos pelo Espírito Santo.

Severiano de Gabala, outro pai da Igreja Primitiva, observou: “O Espírito em nós se inclina em direção à comunhão com Deus. Ele nos dá cada vez mais graça e nos afasta do amor pelo mundo”.23 O Espírito está nos enchendo, orientando e nos concedendo poder pela graça, hoje?

Estratégias focadas na delidade

Se as duas primeiras marcas envolvem o sistema operante, as próximas duas nos trazem aplicações a serem colocadas em prática. Essas aplicações, ou estratégias, pretendem nos auxiliar a nos mantermos concentrados na fidelidade. Elas dirigem nossa atenção à maneira como abordamos o planejamento e como levantamos recursos para o reino. Ambas buscam nos assegurar de que a direção e a provisão dependerão sempre de Deus.

Marca n.o 3 — Planejamento estratégico baseado na oração

O plano de crescimento do ministério terreno de Jesus fluiu da oração. O texto de Lucas 6:12,13 registra que Jesus orou toda a noite, e somente após esse tempo de comunhão com Deus, Ele chamou um grande número de discípulos para si mesmo e escolheu, dentre eles, os doze. Parece estranho que para que o ministério crescesse Jesus reduziria o número de apóstolos. Os planos dirigidos por Deus, muitas vezes, parecem contrários à lógica comum (COMO GIDEÃO EM JUÍZES 6–7).

O planejamento realizado após a oração coloca os líderes-mordomos em condição de saber qual o trabalho que Deus lhes deu para fazer. Às vezes, esse tipo de planejamento é o contrário do que o mundo recomenda. Podemos vê-lo por todas as Escrituras. Isso, frequentemente, acontece para que o Espírito de Deus entre em cena como o poder que move o ministério.

Aqueles que trilham o caminho do reino veem o planejamento sob uma perspectiva completamente diferente. A equipe de liderança começa por ouvir de forma aberta e intencional a voz de orientação de Deus, pela presença do Espírito Santo. Essas pessoas não prosseguem até que tenham discernido que a voz do Senhor foi ouvida. Uma vez que tenham entendido a visão divina para seu futuro, o planejamento estratégico serve como uma ferramenta que assegura a fidelidade a essa visão. O planejamento é sua resposta em mordomia à Palavra de Deus que lhes foi falada. Depois de ouvir para onde devem ir, eles planejam, estrategicamente, como chegarão lá. A oração guia esse passo para garantir que as estratégias permaneçam consistentes com as instruções de Deus. Da mesma forma como a visão não é sua, o plano também pertence a Deus, e a equipe de liderança con a nele para orientar sua execução.

Marca n.o 4 — Captação de recursos para o reino

Depois que Jesus escolheu os doze discípulos e iniciou Seu ministério terreno, Ele os orientou com instruções específicas. Não deviam levar nada consigo. Nem pão, nem bordão ou roupas extras: nada mesmo! Somente partindo de mãos vazias, eles poderiam aprender que o dinheiro não é a força propulsora por trás do ministério — essa força é Deus. Três passagens de Lucas ilustram esse fato.

Lucas 9:1-6 registra que Jesus deu poder aos doze discípulos e os enviou para pregar. Deus abriu as portas para eles, guiou-os e os supriu. Lucas 10:1-24 compartilha uma cena similar, mas, desta vez, com 72 discípulos. Ele os enviou, disse-lhes para orar por seus companheiros de trabalho, para que não levassem nada consigo e que compartilhassem a paz de Deus aonde quer que fossem. Novamente, eles retornaram com um relatório satisfatório. Em Lucas 22:35-38, pouco antes da Sua prisão, Jesus pausou para lembrar-lhes com essas palavras:

…Quando vos mandei sem bolsa, sem alforje e sem sandálias, faltou-vos, porventura, alguma coisa? Nada, disseram eles. Então, lhes disse: Agora, porém, quem tem bolsa, tome-a, como também o alforje; e o que não tem espada, venda a sua capa e compre uma. Pois vos digo que importa que se cumpra em mim o que está escrito: Ele foi contado com os malfeitores. Porque o que a mim se refere está sendo cumprido. Então, lhe disseram: Senhor, eis aqui duas espadas! Respondeu-lhes: Basta!

Jesus não estava lhes dizendo para levar armas para uma cruzada, embora Ele estivesse para ser preso. Também não estava chamando os discípulos para estocar suprimentos para uma revolução. Pedia-lhes que se lembrassem da lição que aprenderam quando Ele os enviou sem nada — que Deus proveria o necessário. Ao trazer esse assunto à tona, Jesus acrescentou mais ensinamentos. Uma vez que compreenderam isso, Ele lhes disse (e a nós também!) o que fazer com as provisões divinas dali para frente. Colocá-las em ação na batalha espiritual que temos diante de nós.

Medição orientada por princípios eternos

Os sistemas de medição orientados por princípios eternos emergem em duas áreas: prestação de contas do ministério e administração financeira transparente.

Marca n.o 5 — Prestação de contas ministeriais

Quando Jesus enviou os discípulos para proclamar o evangelho do reino (LUCAS 9–10), Ele os enviou dois a dois. Cada um dos discípulos tinha um parceiro de responsabilidade para manter a lealdade às Suas instruções. Também teriam uma companhia para os encorajar, para compartilhar suas vitórias e para motivar um ao outro a perseverar durante as dificuldades. Dois a dois, esse posicionamento estratégico nos ajuda, como discípulos, a permanecer no caminho do reino. É interessante que quando os discípulos retornaram aos pares lamentando sua inabilidade de produzir resultados em todas as ocasiões, Jesus os dirigiu à oração (MARCOS 9:29; MATEUS 17:21). Esta ilustração revela quem está no controle e quem não está.

Poderíamos fornecer milhares de medições qualitativas para aplicar este princípio, porque os cenários ministeriais variam grandemente. Por esta razão, ofereceremos cinco delas para sua consideração e adaptação.

1) Identifique parceiros para prestação de contas.

2) Encontre um mentor de ministério, como o apóstolo Paulo era para Timóteo.

3)  Estabeleça estruturas ministeriais que compartilhem tarefas de liderança, preserve a prestação de contas aberta e acolha o escrutínio exterior.

4)  Alinhe os planos com as avaliações dos colaboradores e avalie a fidelidade na atuação, mais do que os resultados que eles não podem controlar.

5)  Celebre o que valorizamos. Se valorizamos a atividade el, que a honremos.

 

Marca n.o 6 — Administração nanceira transparente

A mordomia fiel ou administração de recursos financeiros, na economia de Deus, funciona como uma alternativa ao pensamento dominante do sistema econômico deste mundo. Jesus elogia os mordomos fiéis por colocarem os recursos divinos em ação, em vez de, tolamente, os acumular (MATEUS 6:19-21; 25:14-30; LUCAS 22:35-38), apesar de nossa cultura chamar de sábios aqueles que estocam visando segurança. Cristo demonstra a gratificação comunitária e se afasta da indulgência egocêntrica (LUCAS 7:34; 12:13-21), ao passo que nossa cultura se refere ao luxo como direito.

A transparência também é essencial já que Jesus nos exorta a evitarmos justificar nosso comportamento porque isso é aceitável pelo homem, uma vez que é inaceitável diante de Deus. Pois com a obediência vem a bênção, e a inclinação do coração humano é adorar as provisões em vez do Provedor — servir a Mamon, em vez de servir a Deus (LUCAS 16:1-15).

O nosso ministério coloca os recursos em ação em conformidade com as instruções explícitas de Jesus, ou nossas decisões financeiras refletem as normas culturais dominantes? A prática do caminho comum de acumular dinheiro para os dias “tempestuosos” ou para nos preservar das quedas do mercado ou outras exigências, contradizem diretamente os ensinamentos de Jesus. Enfrentamos o desafio significativo de colocarmos os recursos divinos em uso, de forma sábia e cuidadosa, sem cairmos na tentação de deixar que esses recursos financeiros tomem o lugar de Deus como nossa fonte de segurança. Lembre-se: nosso coração sempre está onde colocamos os tesouros do Senhor.

Gestão baseada em relacionamentos

A forma como os líderes tratam suas equipes em igrejas e ministérios deve diferir daquela do mundo. Há dois princípios descritores, usados por Jesus, que abrangem a gestão baseada em relacionamentos: serviço e amor.

Marca n.o 7 — Servir às pessoas com humildade

O mundo vê a liderança como algo desejável, por causa do poder que vem associado a essa posição. Em Lucas 22:24-27 Jesus declara que os discípulos que tomam outro rumo são “maiores”:

Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve.

Jesus nos forneceu um modelo de serviço humilde durante Seu ministério terreno. Substituiu o modelo de benfeitor (que busca glória própria) para o de servo. Se você quiser ser grande no reino do Senhor, aprenda a ser servo de todos. Todo o tempo Cristo não buscou acumular poder, mas dedicou-se a distribui-lo!

A gestão baseada nos relacionamentos, em que a liderança se concentra no serviço, vai ao encontro das normas sociais na antiguidade e também da atualidade. A função da gestão não é garantir resultados, conforme é declarado por quem segue o caminho comum do sucesso. Ao contrário, servimos a todos quando os ensinamos o que Cristo ordenou e ao equipá-los para as obras do serviço (EFÉSIOS 4:11,12).

Os líderes-mordomos compreendem que todos a quem servem estão numa jornada de fé. Vêm esses relacionamentos como dádivas para o servo. Oram para que Deus aja por intermédio deles para que possam ajudar cada colaborador, superior, amigo, colega de trabalho a tomar os próximos passos na jornada de se tornarem mais plenamente a pessoa que Deus planejou que fossem.

Marca n.o 8 — Fazer tudo com amor

Deus, que é amor, enviou Seu Filho para realizar a salvação da humanidade, motivado pelo amor (JOÃO 3:16). Quando lhe perguntaram qual era a coisa mais importante para que as pessoas se lembrassem, Jesus proclamou: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (MARCOS 12:30,31).

Nosso amor a Deus deveria ser demonstrado ao amarmos às pessoas (1 JOÃO 4:20), pura e simplesmente. Este amor não discrimina entre cristãos e não-cristãos, pessoas do mesmo grupo étnico e aquelas de culturas diversas, pessoas da mesma classe socioeconômica e pessoas de níveis diferentes.

As evidências revelam que a Igreja Primitiva tinha fama de amar a Deus e ao próximo. Provavelmente era assim, pois era isso que seus líderes, como Paulo, os instruíam a fazer: “Todos os vossos atos sejam feitos com amor” (1 CORÍNTIOS 16:14). Da mesma forma, Paulo encorajou Timóteo a permanecer em Éfeso, apesar da heresia e da oposição que estavam presentes nesta igreja, tendo um objetivo semelhante: “Ora, o intuito da presente admoestação visa ao amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia” (1 TIMÓTEO 1:5).

Os seguidores de Cristo são exortados, em todo o Novo Testamento, a demonstrar seu amor a Deus praticando boas obras. Estas variavam desde alimentar os famintos e cuidar de viúvas e órfãos, até à prática da hospitalidade e do compartilhar com os necessitados. Devemos oferecer essa assistência aos da comunidade da fé e, também, aos que não participam dela (GÁLATAS 6:10,11).

Visão dos recursos guiada pela mordomia

As duas últimas marcas de um ministério centrado em Cristo tratam de nossa mordomia dos recursos. A primeira se relaciona à dotação espiritual. Os líderes ministeriais centrados em Cristo reconhecem que o Espírito Santo é o poder do ministério, assim eles auxiliam os seguidores de Cristo a discernirem seus dons. Isso coloca os membros do Corpo de Cristo em posição de usar seus dons para abençoarem uns aos outros. A segunda marca ligada a uma visão dos recursos guiada pela mordomia engloba os ativos, as entradas e outras propriedades. Jesus dá aos mordomos instruções explícitas sobre o que fazer com eles, e estas são radicais se comparadas ao mundo.

Marca n.o 9 — Mobilizar pessoas com dons espirituais

Perto do fim de Seu ministério terreno, Jesus consolou Seus discípulos com a verdade de que Ele enviaria outro Consolador que sempre estaria com eles (JOÃO 14). O Espírito Santo também serve como Mestre e Guia. Pouco antes de Sua ascensão ao céu, Jesus acrescenta que o Espírito Santo lhes daria poder para serem Suas testemunhas em sua cidade, nação e até os confins da Terra (ATOS 1:8).

Por todo o livro de Atos, o Espírito Santo aparece como o personagem principal: orientando, dirigindo e fomentando a missão na Igreja Primitiva. O povo de Deus não faz o minis- tério acontecer, o Espírito Santo, sim. Francis Chan afirma: “Quando os cristãos vivem no poder do Espírito, a evidência da vida deles é sobrenatural. A igreja só pode ser diferente, e o mundo não pode deixar de notá-lo”.35

Paulo lista os dons do Espírito e exorta as pessoas a usarem os que lhes foram dados para o bem-comum, como membros do Corpo de Cristo (1 CORÍNTIOS 12; EFÉSIOS 4; ROMANOS 12). Paulo também fornece o modelo para fazer as pessoas participarem com Deus em Sua obra: ajude-os a discernir seus dons para que saiam das arquibancadas e entrem no jogo. Nos escritos deste apóstolo a jovens líderes como Timóteo, aprendemos como inspirar as próximas gerações de líderes a usar seus dons. Em 2 Timóteo 1:6 ele escreve para lembrar Timóteo de “reavivar o dom de Deus”. Tanto nas cartas às igrejas quanto nas instruções individuais, os seguidores de Cristo devem se envolver na obra de Deus, empoderados pelos dons do Espírito!

Devemos lembrar que pessoas com dons específicos não devem ser usadas como peças de um jogo de xadrez. Mesmo que possa ser normal os líderes seniores indicarem pessoas talentosas para o serviço em áreas específicas, não devemos descrevê-las como bens ativos que nós utilizamos. Este é o pensamento que vem à tona dos líderes no caminho comum. Ao contrário disso, no caminho do reino devemos celebrar nossa interdependência mútua que está enraizada em nossos dons espirituais. O Corpo de Cristo floresce somente quando o povo de Deus discerne e se posiciona da maneira como o Senhor os equipou.

Marca n.o 10 — Generosidade cristã radical

Provavelmente, não há afirmação mais radical sobre a generosidade cristã do que esta: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (JOÃO 3:16). E por mais que todos os livros do mundo não pudessem conter os atos de generosidade que Cristo realizou (JOÃO 20:30,31), pelo menos três categorias para descrevê-los vêm-nos à mente. Em cada uma delas encontramos evidências de que a Igreja Primitiva também imitava a generosidade radical de Jesus.

1) A generosidade cristã é plena de graça e não baseada na lei. Quando o Verbo se fez carne e habitou entre nós, Ele estava cheio de graça e verdade (JOÃO 1:14).

2)  A generosidade cristã serve aos pobres, em vez de mostrar favoritismo aos ricos. Ele convidou os pobres a segui-lo e disse aos ricos que abandonassem suas riquezas antes de embarcar na jornada.

3)  A generosidade cristã é dirigida, de forma missional, às pessoas para o seu regozijo e compartilhamento na comunidade, ao contrário de acumular propriedades terrenas para uso pessoal.

Por que analisar essas três áreas nos evangelhos e na Igreja Primitiva? Elas nos indicam a mordomia, pela qual todos sere- mos convocados a dar contas (LUCAS 16:1-9). Charles Hale falou das implicações celestiais que estão associadas à nossa mordomia. O fracasso nesta área poderia influenciar desfavoravelmente nosso destino eterno (LUCAS 16:1-9).

Conclusão: Faça a escolha!

Nosso objetivo neste livro é ajudá-lo a redefinir o sucesso, prepará-lo para reagir às três tentações do diabo e mapear o caminho da busca centrada em Cristo, para obter resultados do reino. A escolha em seguir o caminho comum ou o caminho do reino é sua.

Terminamos com as palavras inspiradoras de Jonathan Edwards (1703–58), pois oramos para que este livro seja a fagulha inicial de um avivamento:

Deveríamos andar no caminho de obediência a todos os mandamentos divinos, dos mandamentos difíceis até os mais fáceis. Deveríamos trilhar o caminho da autonegação, rejeitando todos os nossos interesses e inclinações pecaminosas. O caminho ao céu é para cima, precisamos ficar felizes ao subir a montanha, embora isso seja difícil e cansativo, apesar de ele ser contrário às tendências e padrões de nossa carne que se inclina para baixo, para a Terra. Deveríamos seguir a Cristo no caminho que Ele percorreu. O caminho que Ele seguiu era o caminho correto que leva ao céu. Devemos tomar nossa cruz e segui-lo.39

Esse artigo são trechos retirados do livro A Escolha, capítulo 6 – Seguindo Cristo: Dez marcas do ministério cristocêntrico.

SAIBA MAIS SOBRE O LIVRO

SAIBA MAIS SOBRE O LIVRO