Os cristãos primitivos também foram eficientes no evangelismo porque refletiam a presença de Cristo. Eles foram tocados por Deus e demonstravam isso. Às vezes, a presença do Senhor era clara através de milagres, como o som de um vento forte ou o dom de línguas no dia de Pentecostes (Atos 2:1-13), os prodígios e sinais (Atos 2:43), as curas (Atos 3:1-10), o tremor no local da reunião (Atos 4:31), o súbito julgamento do casal que mentiu para Deus (Atos 5:1-11), a ressurreição de mortos (Atos 9:36-46) ou as correntes de prisioneiros se quebrando (Atos 12:5-19).

Deus providenciou muitos prodígios, sinais e curas como evidências de Sua presença em homens e mulheres que anunciavam Cristo. Embora os sinais e maravilhas tenham diminuído com a aproximação do final do período apostólico, o Senhor continuou fazendo milagres na vida de Seu povo.

O poder da presença de Deus, no entanto, não se limitou àquelas ocasiões em que agiu sobrenaturalmente para curar ou libertar. Mesmo no início da igreja, quando esses sinais externos foram mais predominantes, havia situações nas quais os seguidores de Cristo refletiram a presença de Deus pela maneira como sofriam.

Deus permitiu que as autoridades judaicas prendessem e açoitassem Pedro e João (Atos 5:22-42), permitiu que o Sinédrio matasse Estevão a pedradas (Atos 7:54-60), permitiu que Saulo de Tarso levasse cristãos presos (Atos 8:1-3) e não impediu que Herodes decapitasse Tiago (Atos 12:1-4).

Durante o período histórico relatado no livro de Atos, Deus permitiu que Paulo fosse açoitado muitas vezes; apedrejado e abandonado para morrer — uma vez; que naufragasse — três vezes; que passasse fome e frio — inúmeras vezes; e que vivesse com uma dolorosa aflição física a qual ele chamou de “espinho na carne” (2 Coríntios 11:1–12:10). Nessas ocasiões, o poder da presença de Deus foi tão real como quando Ele agiu sobrenaturalmente.

Imagine a impressão causada por Estevão nos membros do concílio judaico, que o julgaram e condenaram por blasfêmia. Durante o julgamento, eles viram seu rosto como se fosse o rosto de um anjo (Atos 6:15). Depois de Estevão fazer sua defesa, eles o condenaram pelo assassinato do Messias. Os líderes judeus se enfureceram com a acusação de Estêvão e rangiam os dentes contra ele (Atos 7:54). Eles taparam os ouvidos e, aos gritos, lançaram-se contra ele. Arrastaram-no para fora da cidade e começaram a apedrejá-lo. (Atos 7:57,58). Enquanto o apedrejavam, Estevão, um pouco antes de morrer, disse: “Senhor, não os culpes por este pecado!” (Atos 7:60).

Imagine a impressão que Paulo e Silas causaram aos prisioneiros e guardas em Filipos. Mesmo com as costas laceradas pelas chibatadas e com os pés presos em cepos, Paulo e Silas oravam e cantavam louvores a Deus (Atos 16:23-25) enquanto os demais companheiros de prisão os escutavam (v. 25). Não é de se espantar que, os prisioneiros permaneceram nas celas quando as portas se abriram! Não é de se espantar que o carcereiro e toda a sua família fossem salvos naquela noite! Eles, por certo, sentiram a presença do próprio Deus ao se aproximarem de Paulo e Silas.

A presença de Deus também deve ser clara em nossas vidas. E pode ser! Uma esposa de pastor fora internada para passar por uma dolorosa operação, e após alguma discussão, ela percebeu que sua companheira de quarto não estava interessada em assuntos espirituais. Ela orou pedindo a Deus que seu comportamento, de alguma forma, complementasse suas palavras de testemunho após sua cirurgia. Deus confirmou esta oração. Aquela outra senhora e seu esposo tornaram-se cristãos porque, em suas próprias palavras disseram: “Nós vimos Deus nela”.

Durante uma entrevista na televisão, um médico cristão, cuja especialidade o coloca em contato com muitos pacientes em estado terminal, disse que alguns de seus colegas não cristãos ficavam profundamente sensibilizados pela calma segurança dos cristãos ao enfrentarem o sofrimento e a morte. Os doutores podiam explicar muitas curas e remissões inesperadas, mas não podiam invalidar a presença de Deus na vida desses santos sofredores e moribundos.

O diácono de uma grande igreja contou que tornou-se um cristão devido ao que vira numa mãe cristã cujo filho fora morto pelo trem que ele operava.

Nós também podemos refletir a presença de Deus no curso normal da nossa vida, não apenas em momentos de dor. Recentemente, uma jovem senhora que se afastou do Senhor e casou-se com um não cristão, rededicou sua vida a Deus. Seu marido ficou impressionado com a mudança que observou nela e começou a frequentar a igreja com ela. Após um ano, aceitou a Cristo como Salvador. Ele confirmou não ter sido a pregação que o levara a essa decisão, mas a mudança que testemunhara na esposa e a evidência da presença de Deus em sua vida. Hoje, seus pais, um irmão e uma irmã são salvos por Cristo. O pai dele testemunhou: “Eu sabia que Deus tinha feito algo maravilhoso na vida dele e queria isso para mim.”

A evidência do sobrenatural é absolutamente essencial para a eficiência espiritual e deveria ser observada em todo cristão. Ela não pode ser fingida ou produzida por esforço próprio. Se a tivermos, não estaremos muito conscientes disso, pois é uma realidade inconsciente, não planejada, produzida pelo Espírito, é fruto de um caminhar obediente com Deus.

Texto extraído e adaptado do livreto “Quebrando o silêncio” , de Herb Vander Lugt.