Passado, presente e futuro da alma

1. Preexistência
a) Especulações espúrias


Preexistência é a especulação de que as almas existiam num mundo anterior. O aluno pode não ser muito cuidadoso com essas especulações. Não há livro que se preste mais facilmente à especulação do que a Bíblia; contudo, as Escrituras alertam contra isso. Por especulação queremos dizer tomar uma série de fatos e tecer todos os tipos de fantasias em torno deles. Os limites do conhecimento humano alusivos à revelação bíblica são razoavelmente bem-marcados: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre” (DEUTERONÔMIO 29:29), e “…nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele” (APOCALIPSE 5:3). Logo, o que é revelado no Livro de Deus é para nós; o que não é revelado não é para nós. A especulação busca naquilo que não é revelado.

O assunto da preexistência, da maneira como é frequentemente ensinado, não é revelado no Livro de Deus; trata-se de uma especulação baseada em certas afirmações na Bíblia. A teosofia se presta grandemente à especulação; todas as especulações teosóficas e ocultistas são definitivamente perigosas para o equilíbrio mental, moral e espiritual. Especule se quiser, mas nunca ensine qualquer especulação como se fosse uma revelação bíblica. A especulação atinge a nossa vida de maneiras bastante atraentes. A telepatia é uma maneira chamativa pela qual a especulação da transmigração e da preexistência é introduzida em nossa mente.


Telepatia significa eu ser capaz de discernir o pensamento de outra pessoa. Isso abre a linha da autossugestão. Se um indivíduo é capaz de sugerir pensamentos a outro indivíduo, Satanás também é capaz disso; e a consciência da autossugestão, pelo lado humano, abre a mente diabolicamente para ela. A telepatia é mencionada porque todas essas coisas ocultas chegam à nossa vida em fases aparentemente inofensivas.


Por exemplo, o espiritualismo vem por meio de quiromancia, leitura da sorte em xícaras de chá ou cartas de baralho e assim por diante; as pessoas dizem não haver mal em qualquer uma dessas coisas. Nelas há todo o mal e o apoio diabólico. Nada desperta a curiosidade mais rapidamente do que ler a sorte em xícaras de chá ou por meio de baralho. Isso também se aplica a todas as especulações teosóficas; elas chegam diretamente à nossa vida por meio de coisas erroneamente chamadas de psicologia, e despertam uma curiosidade insaciável. Já foi afirmado que a Bíblia não ensina a preexistência.


b) Passagens surpreendentes

Contudo, há algumas passagens surpreendentes que parecem contradizer essa afirmação: Jeremias 1:5, Romanos 9:11-13 e Lucas 1:41. Chamamos essas passagens de surpreendentes pela razão óbvia que transmite a ideia de que a Bíblia ensine sobre preexistência.


Há, porém, o que pode ser denominado ideia falsa e ideia verdadeira de preexistência. A ideia falsa de preexistência é que existíamos como seres humanos antes de virmos a este mundo; a ideia verdadeira é a preexistência na mente de Deus. Esse não é um assunto fácil de afirmar, mas é aquilo que é revelado nas Escrituras: a preexistência, na mente de Deus, não apenas no tocante ao grande fato da raça humana, e sim no que se refere à vida individual. A vida individual é a expressão de uma ideia preexistente na mente de Deus; essa é a verdadeira ideia de preexistência. Chame-a de ideal ou da maneira que quiser, mas ela é revelada no Livro de Deus. Nas poucas passagens elencadas acima e em muitas outras, a ideia de preexistência na mente divina é claramente revelada.


Há mais uma coisa em relação à experiência espiritual individual: que a nossa vida individual pode e deve ser uma resposta manifesta às ideias da mente de Deus. “Os passos do homem são dirigidos pelo Senhor; como, pois, poderá o homem entender o seu caminho?” (PROVÉRBIOS 20:24). Isso confere uma elevada dignidade e grande cuidado com a existência humana. A expressão disso na vida do nosso Senhor está se tornando familiar para nós: Ele nunca agiu por em Seu favor; nunca realizou um milagre porque queria mostrar sua capacidade; jamais falou para mostrar quão maravilhoso era o Seu entendimento da verdade de Deus. Ele declarou: “…o Filho nada pode fazer de si mesmo” (JOÃO 5:19). Ele sempre agiu com base em Seu Pai (JOÃO 14:10).


Por meio de certas memórias raciais que se intrometem na consciência, uma pessoa pode estar nitidamente consciente de uma forma de vida que nunca viveu, podendo ser uma forma de vida de séculos anteriores. A explicação disso não reside no fato de aquele indivíduo específico ter vivido séculos antes, mas em que seus progenitores sim. Assim, existem traços em sua substância nervosa que, por um dos truques incalculáveis da experiência individual, podem emergir subitamente à consciência.


c) Versículos de consolidação
Com isso, queremos nos referir às passagens que consolidam nosso pensamento em uma linha estável de interpretação.
1) A alma não precede o corpo


Na criação do ser humano, a Bíblia revela que primeiro foi criado o seu corpo, não a sua alma. O corpo existiu antes da alma na criação; por isso, não podemos rastrear a história ou o destino da alma humana antes da criação da raça humana. Essa é a primeira e principal linha geral de revelação. Encontramos, em Gênesis 1:26, um esplêndido exemplo de verdadeira preexistência. Deus disse deliberadamente o que tinha em mente, antes de criar o homem: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”. Revela a preexistência da humanidade na mente divina.


2) O destino da alma não é pré-adâmico


“Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (ROMANOS 5:12). O destino da alma teve início com a raça humana, não antes dela. Tome qualquer passagem que trate do destino individual — Ezequiel 18, por exemplo — e você encontrará que o destino é determinado durante a vida da alma individual. Todas as especulações referentes à transmigração de alma são estranhas aos ensinos bíblicos.


3) A alma só existe por procriação


Nós não somos criados diretamente pela mão do Todo-poderoso, como Adão foi; somos procriados, gerados, e o espírito, a alma e o corpo de cada pessoa se reúnem no embrião, conforme relatado anteriormente.


Perceba a preexistência do nosso Senhor: “e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (JOÃO 17:5). Essa preexistência é muito diferente da fase de preexistência mencionada anteriormente. Essa é a existência de um Ser que era conhecido antes de vir para cá, e a razão de Sua vinda aqui é explicada pelo que Ele era antes de vir. Esse é o único caso de preexistência de uma Pessoa em uma vida anterior. Em nenhum lugar, a Bíblia ensina que os indivíduos existiam em um mundo antes de virem ao mundo; a única preexistência, quanto a isso, está na mente divina.

 

2. Existência presente

 

Agora, chegamos a um lugar em que nos sentimos à vontade. No capítulo anterior, abordamos aspectos relacionados à natureza das complexas características da alma; quanto mais pensamos nelas, mais desconcertantes, intrigantes e confusas elas se apresentam. Quando começamos a pensar nas possibilidades da alma humana, nenhum pensamento claro é inicialmente possível.


Chegamos agora às possibilidades e capacidades da alma. Elas podem ser satisfeitas aqui e agora? A Bíblia diz que sim. A afirmação da salvação de Jesus Cristo é que o Espírito de Deus pode satisfazer o último abismo doloroso da alma humana, não só futuramente, mas aqui e agora. Satisfação não significa estagnação; satisfação é o conhecimento de que conquistamos o tipo certo de vida para a nossa alma.


a) Satisfação da alma


“Bendizei, ó povos, o nosso Deus; […] o que preserva com vida a nossa alma e não permite que nos resvalem os pés” (SALMO 66:8-9,12,16; ISAÍAS 55:3). Dentre inumeráveis passagens do Livro de Deus, essas são indicações que provam que essa complexa alma que temos examinado pode ser, em sua presente existência, satisfeita e colocada em perfeita harmonia consigo mesma e com Deus. O pensamento de que uma alma humana é capaz de cumprir o propósito predestinado por Deus é grandioso.


A alma humana, entretanto, pode ficar estagnada também pela ignorância. No início, não conhecemos as capacidades da nossa alma e nos contentamos em ser ignorantes; porém, quando somos convencidos do pecado, começamos a entender as terríveis e insondáveis profundezas de nossa natureza e a afirmação de Jesus Cristo de que Ele pode solucionar esse abismo. Todo aquele que sabe do que a sua alma é capaz, conhece suas possibilidades e terrores, mas conhece também a salvação proveniente de Deus. Por isso, dará testemunho igual ao da Palavra escrita: de que Jesus Cristo é capaz de satisfazer a alma vivente. Isaías 55:3 é a mensagem do nosso Senhor para a época em que vivemos: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste nas fiéis misericórdias prometidas a Davi”.


Tenha em mente que o diabo satisfaz apenas durante algum tempo. “Os olhos saltam-lhes da gordura; do coração brotam-lhes fantasias” (SALMO 73:7). “Porque não há neles mudança nenhuma, e não temem a Deus” (SALMO 55:19).


b) Pecados e o ambiente da alma


O Salmo 6 se refere ao ambiente da alma na enfermidade corporal e na perplexidade, e seus resultados interiores. O primeiro grau de oração do salmista é “…sara-me, Senhor, porque os meus ossos estão abalados”; o segundo é “…sara-me […] Também a minha alma está profundamente perturbada”, e o terceiro é “…salva-me por tua graça” (SALMO 6:2-4). Esses são três graus de perplexidade que surgem do ambiente da alma, por conta do sofrimento, pois a perspectiva mental é nebulosa e porque Deus não disse uma única palavra.


Quando a alma fica perplexa — e certamente ficará se continuarmos com Deus, pois somos um alvo para Satanás — e os ataques repentinos vêm, como aconteceu na vida de Jó, nós clamamos: “Sara-me por causa da minha dor”, mas não há resposta. Então, rogamos: “Sara-me, não porque estou com dor, mas porque a minha alma está perplexa; não consigo ver saída ou por que isso deveria estar acontecendo”. Ainda sem receber resposta, finalmente, suplicamos: “Sara-me, Senhor, não por causa da minha dor, nem porque a minha alma está enferma, mas por Tua misericórdia”. Então, recebemos a resposta “o Senhor ouviu a minha súplica…” (SALMO 6:9).


O ambiente da alma, as cenas que provêm de nossas ações, produzem perplexidade na alma. A alma não pode ser separada do corpo, e as perplexidades do corpo produzem dificuldades na alma; essas dificuldades se interiorizam e, às vezes, se intrometem no próprio trono de Deus que está no coração.


“Eis que todas as almas são minhas […] a alma que pecar, essa morrerá” (EZEQUIEL 18:4). Nessa passagem, a vida da alma e o pecado que é punido estão conectados. A tendência de pecar herdada precisa ser purificada, mas somos punidos por todo pecado que cometemos. Contudo, Pedro nos indica isto: “obtendo o fim da vossa fé: a salvação da vossa alma” (1 PEDRO 1:9). Salvação se refere a todo o conjunto de uma pessoa — espírito, alma e corpo; assim, tendo “Cristo, as primícias” (1 CORÍNTIOS 15:23) como atingimento definitivo na vida após a morte, nosso espírito, alma e corpo serão semelhantes aos dele em um relacionamento totalmente novo. Na vida presente, a alma pode ser reparada em todas as suas perplexidades e, em todos os ataques e perigos, sendo mantida pelo poder de Deus. O pecado destrói o poder da alma de conhecer o seu pecado; o castigo traz despertamento; o examinar-se traz o castigo e salva a alma da doença do sono, levando-a a uma reparação saudável.


“Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem” (1 CORÍNTIOS 11:30), nesse versículo, Paulo faz alusão a uma doença de origem moral, não física. A conexão imediata é a conduta inconveniente, na Ceia do Senhor, dos ex-pagãos convertidos; Paulo diz que essa é a causa das suas doenças corporais. Esta verdade estabelecida permanece: certos tipos de desobediência moral produzem doenças que os remédios físicos não conseguem ter êxito; a obediência é a única cura. Por exemplo, nada consegue resolver as doenças produzidas pelo adultério com o espiritualismo; só existe uma cura — render-se ao Senhor Jesus.


c) Cenário sobrenatural para a alma


“Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir?” (LUCAS 9:54). Os discípulos conheciam Jesus Cristo suficientemente bem para saber que Ele tinha intimidade com poderes sobrenaturais, mas ainda tinham de aprender que é possível eliminar o pecado e, ao mesmo tempo, servir a si mesmo. “Jesus, porém, voltando-se os repreendeu e disse: Vós não sabeis de que espírito sois” (LUCAS 9:55). É possível fazer o certo com a mentalidade errada. Essas foram as mesmas pessoas que, pouco depois, pediram: “Permite-nos que, na sua glória, nos assentemos um à sua direita e o outro à sua esquerda” (MARCOS 10:37 NAA); e um deles foi enviado por Deus a Samaria, onde percebeu qual era o fogo que Deus enviaria, ou seja: o fogo do Espírito Santo (ATOS 8).
“Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades” (EFÉSIOS 6:12). 

 

Isso não está relacionado com o lado corporal das coisas, e sim com o sobrenatural. Somos prontamente cercados por poderes e forças que não somos capazes de discernir fisicamente. “Não quero que vos torneis associados aos demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios” (1 CORÍNTIOS 10:20-21). Sempre é possível discernir se os cristãos têm mentalidade espiritual analisando-se sua atitude para com o sobrenatural. A moderna atitude quanto à possessão demoníaca é muito instrutiva; muitos adotam a atitude de não existir possessão demoníaca e inferem que o próprio Jesus Cristo sabia muito bem que tal coisa não existia, não vendo que, com tal atitude, se colocam no lugar da pessoa superior e afirmam conhecer todas as opiniões particulares do Todo-poderoso sobre a iniquidade.


Inquestionavelmente, Jesus acreditava no fato da possessão demoníaca. O Novo Testamento é repleto do sobrenatural; Jesus Cristo olhava continuamente para cenários que não vemos e Ele via forças sobrenaturais em ação. “Provai os espíritos se procedem de Deus” (1 JOÃO 4:1). A alma humana pode ser muitíssimo complicada pela interferência do sobrenatural, mas Jesus Cristo pode nos proteger quanto a isso.


Doença, natural e demoníaca. Com doença natural, queremos dizer aquela proveniente de causas naturais, não por meio da interferência de qualquer força sobrenatural. A doença demoníaca provém de certas partes do corpo infestadas por demônios. Leia os registros de nosso Senhor expulsando demônios. Às vezes, Ele dizia: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai deste jovem” (MARCOS 9:25); em outras ocasiões, nada disse em relação aos demônios ao curar surdos e mudos (VEJA MATEUS 9:32). 

 

Ao dirigir-se aos possuídos por demônios, frequentemente o nosso Senhor mencionava o órgão específico afetado. Porém o homem de Gadara estava possuído não apenas em um órgão específico, mas em todo o seu corpo. Quanto espaço o pensamento ocupa? Nenhum! Quantos pensamentos podemos ter em nosso cérebro? Ora, incontáveis! Quanto espaço a personalidade ocupa? Nenhum! Quantas personalidades pode haver em um corpo? Considere esse homem de Gadara. “Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos demônios” (LUCAS 8:30).


O caso de Judas exemplifica a identificação de uma alma humana com o próprio diabo. Assim como alguém pode se identificar com Jesus Cristo, também pode se identificar com o diabo. Assim como um homem pode nascer de novo, no reino onde Jesus Cristo vive, move-se, tem o Seu ser e pode se identificar com Ele em total santificação, também pode, por assim dizer, nascer de novo no reino do diabo e ser totalmente consagrado a ele. “Entrou nele Satanás” (JOÃO 13:27). Jesus declarou: “Não vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo” (JOÃO 6:70). Esse assunto desperta terrores tremendos, mas esses são fatos revelados no Livro de Deus. Há doenças sobrenaturais do corpo e da alma na vida presente, mas Jesus Cristo pode lidar com todas elas.

 

3. Existência perpétua
a) Aspecto mortal da alma


“Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (TIAGO 4:14; JÓ 14:2). Por mortal entende-se somente nesta ordem de coisas. Ao longo de todo o Livro de Deus, a alma e o ser humano como aparece agora são descritos como mortais em um só aspecto. A alma mantém o corpo e o espírito unidos e, quando o espírito volta para Deus, que o deu, a alma desaparece. Na ressurreição, há outro corpo, um corpo impossível de ser descrito com palavras — glorificado ou um corpo de condenação: “Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo” (JOÃO 5:28-29) — e, instantaneamente a alma se manifesta novamente. Não temos uma imagem da “ressurreição do juízo”; no entanto, o nosso Senhor afirma que haverá isso (LUCAS 16:19-31).


Temos uma imagem da “ressurreição da vida” no corpo ressuscitado do nosso Senhor, “o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória” (FILIPENSES 3:21). A vida da alma depende, portanto, plenamente do corpo. As características indeléveis do indivíduo estão em seu espírito; e o Senhor Jesus, que é “as primícias” (1 CORÍNTIOS 15:23), era espírito, alma e corpo. Portanto, a ressurreição não se refere ao espírito, ou à personalidade, que nunca morre, e sim ao corpo e à alma. “Semeia-se corpo natural, ressuscita corpo espiritual” (1 CORÍNTIOS 15:44). Deus cria um corpo glorificado incorruptível como o do Seu próprio Filho — “todo homem em seu próprio regimento”, e Jesus Cristo liderando. Assim como o corpo glorificado do nosso Senhor pôde materializar-se durante 40 dias após a Sua ressurreição, o nosso corpo será capaz de materializar-se no dia que há de vir.


b) Aspecto imortal da alma


O aspecto mortal é forte na Bíblia, e o aspecto imortal é igualmente forte. Os aniquilacionistas constroem todos os seus ensinamentos sobre o aspecto mortal; eles dão prova após prova de que, devido à alma e ao corpo serem mortais, somente quem nasceu de novo do Espírito é imortal. A Bíblia revela haver condenação eterna, bem como vida eterna. Nada pode ser aniquilado. Na Escritura, a palavra destruir nunca significa “aniquilar”.

 

Neste presente aspecto corporal, a alma é mortal; porém, em outro aspecto é imortal, porque Deus vê a alma em sua união final com o espírito na ressurreição. Veja: “Filho, lembra-te” (LUCAS 16:25-26), e “Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (23:43). As duas passagens se referem ao estado imediatamente após a morte e revelam que o espírito humano, a personalidade, jamais dorme e nunca morre, no sentido em que o fazem o corpo e a alma.


A heresia do “sono da alma” se insinua aqui. Em parte alguma, a Bíblia diz que a alma dorme; ela diz que o corpo dorme, mas nunca a personalidade; no momento após a morte, o estado é a consciência desimpedida.


c) Vida eterna e morte eterna da alma


“Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (ROMANOS 6:23; MATEUS 10:28; ROMANOS 5:21). Não temos mais base para dizer que existe vida eterna do que para dizer que existe morte eterna. Se Jesus Cristo entende por “vida eterna” o infindável conhecimento consciente de Deus, a morte eterna só pode significar a eterna e consciente separação de Deus. A destruição de uma alma no Hades, ou inferno, é a destruição do último fio de semelhança com Deus.


Marcos usa uma frase estranha: “salgado com fogo” (MARCOS 9:49) — isto é, preservado na morte eterna. Paulo nos diz o que é a morte: “a inclinação da carne é morte” (ROMANOS 8:6 ARC). As pessoas se colocam numa posição insustentável ao dizerem que a condenação eterna não é pessoal, mas a vida eterna é. Não sabemos mais sobre uma do que sobre a outra, e nada sabemos acerca das duas exceto o que a Bíblia nos diz.


Provavelmente, o melhor livro sobre esse assunto, à parte da Bíblia, seja A personalidade humana, do Dr. F. W. H. Myers. Ele foi escrito por um célebre homem que tentou provar, não pelo Livro de Deus, e sim simplesmente por especulação, que a alma humana é imortal; ele termina exatamente onde começa, isto é, com suas intuições. Tudo que sabemos em relação à vida eterna, inferno e condenação, somente a Bíblia nos diz. Se afirmamos que Deus é injusto porque revela a morte perene e sugerimos que, portanto, a Bíblia não a ensina, colocamo-nos sob a condenação das passagens dos livros Deuteronômio e Apocalipse às quais já nos referimos. Essas coisas transcendem a razão, mas não contradizem a Razão Encarnada: o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele é a autoridade final no assunto. Tudo que esperamos fazer nesses estudos da alma humana é sugerir linhas de pesquisa para o estudante da Bíblia.

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