Deus deseja produzir em nós a liberdade de viver de acordo com o Espírito Santo, que produz o fruto do Espírito. O Senhor quer que nós o imitemos e sejamos conformados à imagem de Seu Filho. Mas como é ser um imitador de Deus? Como é ser conformado à imagem do Filho de Deus? Como é ter liberdade para andar de acordo com o Espírito? A resposta está no fruto do Espírito. 

Anteriormente, vimos o contexto da liberdade que temos em Cristo e também estudamos sobre o poder que recebemos, não somos livres por conta própria. Paulo nos mostra que somos conformados à imagem de Cristo e que, como imitadores de Deus, a maneira de produzirmos o fruto do Espírito é andando de acordo com o Espírito Santo, com Ele e por Seu poder. 

O apóstolo nos diz em Gálatas 5:24 que se assim fizermos, então não teremos mais que satisfazer os desejos da carne da nossa natureza pecaminosa, mas há uma batalha sendo travada constantemente. Certa vez Martinho Lutero disse: Antes de eu compreender a verdade do evangelho de Jesus Cristo, eu tinha essas batalhas e ao despertar, a carne já vinha me chamar e eu apenas deixar estar, e era constantemente atormentado com isto. Mas agora que entendo a verdade do evangelho de Cristo, sempre que vejo os desejos carnais e satanás vindo sobre mim, posso apenas dizer: “ah, é somente você”. Agora, Lutero também compreendeu que apesar de termos liberdade e poder, ainda há uma batalha envolvida. E enquanto dependermos do poder do Espírito Santo, podemos vencer essa guerra. Mas devemos estar presentes nesta batalha. 

Em Gálatas 5:17-18, vemos um Paulo realista, que entende que a carne e os desejos pecaminosos estão batendo à nossa porta. Ele diz: “A natureza humana deseja fazer exatamente o oposto do que o Espírito quer, e o Espírito nos impele na direção contrária àquela desejada pela natureza humana. Essas duas forças se confrontam o tempo todo, de modo que vocês não têm liberdade de pôr em prática o que intentam fazer. Quando, porém, são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei.” Paulo está declarando que compreende que a natureza humana em nós e os desejos pecaminosos são contrários à vontade do Espírito Santo. 

Mas Paulo percebe que este mundo mau, mesmo vivendo nele, ainda está lutando contra nós.  E ele diz: “A natureza humana deseja fazer exatamente o oposto do que o Espírito quer, e o Espírito nos impele na direção contrária àquela desejada pela natureza humana” (v.17).  Policarpo— um dos pais da igreja que viveu no 2º século e foi um dos primeiros intérpretes do  Novo Testamento — parafraseia isso. Não é apenas oposição do Espírito contra a carne e da carne contra o Espírito, mas em vez disso, ambos guerreiam entre si.

Muitos de nós conhecemos essa guerra, pois ouvimos a promessa de liberdade que temos em Cristo. Estamos cientes de que Deus nos deu o Seu Espírito, mas na verdade estamos enfrentando essa batalha que acontece em nosso interior e quanto a isso Paulo afirma: “Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne…” (v.17 ARA).

Perceba o que Paulo está dizendo, como a carne e o Espírito se opõem e guerreiam entre si “para que não façais o que quereis”. Existem muitas maneiras para interpretar essa última frase do versículo, alguns podem traduzir como “para vocês não fazerem as coisas boas que desejam”, pois o Espírito e a natureza humana estão em desacordo um com o outro. Você quer fazer o bem, mas não pode; você tenta fazer o que é santificado, mas falha. Essa é uma interpretação. Mas por outro lado, poderia significar que você não faz as coisas más, as carnais que deseja fazer. 

A primeira interpretação parece se identificar com a nossa experiência. Queremos fazer o certo, mas nem sempre conseguimos. Tentamos acertar o alvo, mas erramos com muita frequência. A segunda interpretação, de fato, parece se adequar melhor ao contexto. Considerando o contexto, Paulo disse anteriormente: “Para a liberdade Cristo nos libertou,  […] Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne (vv.1-13). Algumas pessoas veem isso como um impasse – o Espírito e a carne estão ambos nelas. Ou alguns acreditam que enquanto a carne estiver lá, poderão vencer o Espírito. Mas não acredito que seja isso o que Paulo está dizendo. Paulo está dizendo que enquanto nós dermos acesso ao Espírito, e entregarmos esse controle, ainda que não seja fácil, venceremos no final. O Espírito de Deus é maior em nós do que a natureza humana, do que o pecado, e do que o poder que está no mundo.

Não temos esse excesso de confiança, como o que Paulo diria em 1 Coríntios 10, que temos essa tentação – e nenhuma tentação se apoderou de nós, exceto a que é comum a todos. Assim, não precisamos pensar que prevalecemos e jamais pecaremos novamente, porque é quando caímos. Mas Paulo diz que, quando enfrentamos essa tentação, Deus é fiel e oferece uma saída. Assim, não continuamos a pecar. Não usamos nossa liberdade para viver como queremos, sabendo que Deus já nos perdoou. Mas agora nós temos acesso ao Espírito Santo para vivermos a vida santa para a qual Deus nos chamou, para andarmos de acordo com o Espírito.

Voltando a Martinho Lutero, gosto muito do que ele disse sobre a natureza humana e os desejos pecaminosos: “Antes de entender o evangelho de Jesus, eu acreditava que toda vez que o pecado batia em minha porta, tinha que abri-la. Agora que entendo a verdade do evangelho, compreendi que quando o pecado estiver à porta eu não preciso atender e referente aos desejos pecaminosos com os quais lutei por toda minha vida, aquilo que está presente neste mundo mau e dos quais eu era escravo, sei que já fechei a porta para tudo isso e evito me aproximar dela. Coloco guarda na porta para não mais me aproximar e conscientizei-me de que não preciso mais abri-la e posso ignorar as batidas nela.” E tudo isso graças à liberdade concedida por Cristo Jesus, pois somos “guiados pelo Espírito, não [estamos] debaixo da lei” (v.18).

 

Pensando sobre

 

  •  O que significa dizer que o Fruto do Espírito é uma escolha?
  • O que Paulo nos ensina sobre as obras da carne?
  • Descreva brevemente os vários aspectos do fruto do Espírito.
  • Explique como os crentes experimentam o fruto do Espírito em suas vidas e como eles podem vivê-lo.