Conexão Universitária – Fábrica de ídolos

Muito provavelmente você nunca se ajoelhou perante um deus egípcio e direcionou uma prece a ele, nem mesmo cogitou prestar culto a Poseidon depois de ter lido Percy Jackson. Mesmo assim, você não está livre da idolatria. Visto ser algo que vai muito além das aparências, ela habita em nosso coração: uma fábrica de ídolos. Toda vez que colocamos outra coisa ou pessoa no lugar de Deus em nossa vida, estamos cometendo idolatria. Ou seja, se você crê que um relacionamento será a fonte da sua alegria, que o seu trabalho poderá preencher o senso de propósito que você precisa, ou mesmo que sua performance define sua identidade, você erigiu um ídolo em seu coração.

ONDE ENCONTRAR NA BÍBLIA?

MATEUS 6:19-21

Não ajuntem tesouros aqui na terra, onde as traças e a ferrugem os destroem, e onde ladrões arrombam casas e os furtam. Ajuntem seus tesouros no céu, onde traças e ferrugem não destroem, e onde ladrões não arrombam nem furtam. Onde seu tesouro estiver,

ali também estará seu coração.

FALANDO SOBRE O ASSUNTO

Jesus nos aconselha a voltarmos o nosso coração à eternidade, dizendo algo como: não coloquem o seu valor e o que vocês têm por precioso em nada deste mundo; coloquem-nos em mim. Isso é uma verdadeira batalha, tendo em vista que, a todo momento, somos tentados a valorizar coisas terrenas. Seja como for, o primeiro passo para vencer essa batalha é reconhecer em que lugares temos ajuntado o nosso tesouro. Diante disso, gostaria de ajudar você quanto a essa etapa discorrendo sobre três áreas, nas quais eu mesmo já ajuntei o meu tesouro: relacionamento, trabalho e desempenho.

Relacionamento

Sem dúvida, nossos relacionamentos — família, amizade, namoro, casamento etc. — são bênçãos de Deus. Aliás, é uma recomendação dele que Seu povo interaja regular e publicamente em cultos de adoração. Todavia, estamos sujeitos a desvirtuar esse presente de Deus para nós, colocando nossos relacionamentos no lugar do Senhor. A minha experiência quanto a isso ocorreu no meu primeiro namoro: eu acreditava que tinha a obrigação de fazer a outra pessoa feliz e que, por outro lado, encontraria a felicidade em minha namorada. Obviamente, eu fui incapaz de fazê-la feliz, bem como de encontrar minha felicidade nela.

Se você, em alguma medida, se identifica com isso, tenho um recado urgente: não espere obter verdadeira alegria e verdadeiro prazer em nada que não seja no eterno Deus, nem mesmo acredite que você pode ser a fonte de alegria para alguém.

Trabalho

Cresci aprendendo que tinha o dever de fazer tudo com excelência, pois tudo o que eu faço é, na verdade, para Deus. É muito precioso e libertador saber que você não está sob o olhar crítico dos outros, nem mesmo sob as regras cruéis do mercado, mas sim sob o olhar compassivo e misericordioso do Senhor.

No entanto, mais uma vez ressalto: somos capazes de desvirtuar um presente que Deus nos dá. Em certo momento, percebi que se trabalhasse arduamente, como se o fizesse para Deus, além de glorificá-lo, eu poderia ficar rico (ou pelo menos tentaria). Quando me dei conta, a generosidade no meu coração tinha dado lugar à mesquinhez, e a solidariedade, ao individualismo.

Eu tive de ouvir o mandamento de Cristo: o meu tesouro não pode estar aqui, deve estar com Ele.

Desempenho

Desde pequeno, eu tive minha identidade muito ligada à minha performance. Quanto mais eu me esforçava para não pecar, mais crente eu me tornava. Quanto mais eu me esforçava para obedecer a meus pais, mais filho eu me sentia. A cada deslize, era como se uma parte de mim deslizasse junto para fora do meu ser. Isso me levou a desenvolver um sentimento de culpa implacável: eu jamais poderia errar, pois isso significaria algum dano à minha identidade — seria menos crente, menos filho, menos eu mesmo.

Tudo isso mudou apenas quando eu descobri minha verdadeira identidade: a de filho de Deus. Foi um caminho longo, mas entendi que ser filho de Deus não estava atrelado ao meu desempenho, mas ao sacrifício perfeito que havia sido feito por mim.

Se você também já se sentiu assim, saiba que Cristo não quer seu desempenho, Ele deseja seu coração; entregue-o a Ele.

QUESTÕES PARA DEBATE

1. Em quais áreas de sua vida você consegue identificar ídolos? Você se identifica com algum dos exemplos citados? Por quê?

2. Saber que o seu desempenho não altera a sua identidade de filho de Deus influencia o seu relacionamento com Ele? Como?

3. O seu coração, neste momento, tem se voltado mais para as coisas deste mundo ou para o que é eterno? O que o motiva a isso?

ORAÇÃO

Senhor Jesus, colocamo-nos perante a Tua presença clamando que Tu nos ajudes a colocarmos o nosso coração no lugar certo.

Livra-nos de vivermos para este mundo e de desejarmos ajuntar tesouros nele. Livra-nos da idolatria e de tudo que nos afasta de ti.

Ajuda-nos a reconhecer as áreas em que temos falhado e a vencer todo o pecado que habita em nosso coração. Em Teu nome. Amém!

Caio Romani

Direito — Direito com Deus UFPR