Bem-vindo à edição de outubro do Descobrindo a Palavra de Ministérios Pão Diário. Nosso tema deste mês está focado na justiça e misericórdia.

A justiça e a misericórdia podem parecer ideias opostas. A justiça requer o pagamento pelos erros cometidos; que o transgressor “pague o preço” ou restitua de alguma forma. É mais frequentemente associado à punição por um crime cometido. É conferido ao infrator ou feito para ele.

A misericórdia, por outro lado, é quase a antítese da justiça. É o indeferimento da punição merecida por um crime ou ofensa. A misericórdia é quase a extirpação da necessidade de justiça; é não haver precisão de resolver o mal que foi cometido.

Paradoxalmente, todos queremos misericórdia para nós mesmos e queremos ver justiça no mundo. Mas e se cada uma delas, na verdade, começa em nós? E se a justiça começa bem antes do sistema criminal? E se a misericórdia é mais do que apenas suspender o castigo? Ao entender essas ideias, do ponto de vista de Deus, começamos a ver que a justiça falhou, se depender do tribunal, e que a misericórdia é tênue, se requer que um erro seja absolvido.

Em nossos dias, o teólogo e filósofo Nicholas Wolterstorff escreveu e falou detalhadamente sobre o tipo de justiça que vai além da acusação dos erros. Pesquisando na literatura sobre o assunto, ele percebeu que a justiça veio a ser entendida principalmente em termos de consequência e punição pelos erros cometidos mais do que uma primeira resposta à necessidade humana. O resultado, ele observa, é que tendemos a considerar amor e justiça como necessidades opostas — como defesa e acusação em um tribunal. O amor defende; a justiça acusa.

Como povo de Deus, somos chamados a um relacionamento com Ele que requer duas coisas: amor por Ele e uns pelos outros. Jesus mencionou aos Seus discípulos que o mundo reconheceria Seus seguidores não por sua religiosidade nem por sua defesa, mas por seu amor pelos irmãos na fé (João 13:35).

O lamento de Jeremias foi escrito em uma época quando o reino do sul de Judá, tendo se afastado de Deus e abraçado os deuses das outras nações, estava passando por um período nacional de disciplina divina. Mas Jeremias ainda vislumbrou razões para esperança. Ele viu a misericórdia de Deus como limitadora da extensão dessa disciplina para que eles “não [fossem] consumidos” (v.22 ARA). Aqui, a misericórdia é claramente descrita como um obstáculo às consequências.

Justiça e misericórdia são a linguagem da exigência de Deus: que reconheçamos e aceitemos nossas responsabilidades, não busquemos nossos direitos. Estes são cumpridos por outros que reconhecem suas responsabilidades. Deus chama o Seu povo para viver à luz do que Ele fez por nós. Trabalhar e agir de forma que honre e respeite aqueles ao nosso redor. Isso é o que Deus espera de Seu povo.