John Wesley

John Wesley

Grandes pregadores falam sobre santidade, e John Wesley é um deles

Nascido em 28 de junho de 1703, em Epworth, na Inglaterra, John Wesley era filho de Samuel Wesley, um sacerdote anglicano, e Susanna Wesley, que teve grande influência na vida dos seus 19 filhos, especialmente de John. A vida familiar dos Wesley era rigidamente estruturada, com horários exatos para as refeições, orações e sono. Susanna educou as crianças em casa ensinando-lhes religião e boas maneiras. E todos aprenderam a ficar em silêncio, e a serem obedientes e trabalhadores. Ela separava uma hora por semana para estar a sós com cada um dos filhos, para conversar sobre temas de fé e vida cristã. Mesmo já idosa, seu filho John ainda buscava os conselhos de sua dedicada mãe.

Quando menino, John Wesley estudou na escola Charterhouse, em Londres, e mais tarde, em 1720, foi para a Universidade de Oxford. Ali ele participou de um grupo (criado por seu irmão Charles), cujos membros fizeram votos para ter uma vida santa, tomar a ceia toda semana, orar diariamente e visitar enfermos e prisioneiros, ensinando-os a ler pagando suas dívidas e buscando emprego pra eles. Os participantes do “clube santo” também estenderam suas atividades e pessoas pobres, distribuindo comida, roupas, remédios, livros e também cuidando de uma escola (quando os irmãos Wesley deixaram o grupo, em 1735, o clube se desfez.) – além disso, dedicavam três horas diárias estudando a Bíblia. O grupo foi chamado pejorativamente de os “metodistas”, pois eram rígidos e regulares em suas expressões religiosas, no auxílio aos necessitados e por sua ênfase no estudo metódico. Os “metodistas”, eram conhecidos por seus frequentes cultos de comunhão e por jejuarem dois dias por semana.

John Wesley se formou em 1724, no ano seguinte o bispo de Oxford o ordenou diácono e, após três anos ajudando seu pai na igreja Anglicana, foi ordenado sacerdote. Após a morte de seu pai, John Wesley aceitou o convite para pastorear colonos britânicos na Geórgia, EUA, e em 1735 partiu da Inglaterra para o Novo Mundo. Durante a viagem, o navio enfrentou sérios problemas devido ao tempo ruim, e Wesley temeu por sua vida. Porém, durante a tempestade, ele viu que um grupo de missionários morávios alemães cantavam tranquilamente e isso o intrigou a ponto de ele, no final da viagem, questionar o líder a respeito de sua tranquilidade em meio ao perigo. O homem respondeu com uma pergunta: “Sua fé está em Cristo?”. Wesley disse que sim, porém refletiu mais tarde que essas poderiam ser palavras vãs.

Essa viagem missionária durou dois anos e não foi como ele esperava. John Wesley servia a sua congregação fielmente, entretanto, sua rígida liderança na igreja trouxe discórdia e hostilidade das pessoas para com ele. Assim, mal-entendidos e perseguições o fizeram deixar a Geórgia e, em dezembro de 1737, ele voltou para a Inglaterra.

Wesley teve sérias dúvidas sobre a sua fé, ele não se sentia satisfeito. Embora buscasse incessantemente ser bom, seguia frustrado, sem alcançar seus objetivos – e depois de conversar com outro missionário morávio, Peter Boehler, concluiu que lhe faltava a fé salvadora. Na noite de 24 de maio de 1738 passou por uma experiência transformadora ao assistir um culto onde faziam a leitura do prefácio de Lutero à epístola aos Romanos. Ali ouviu uma explicação da fé e da doutrina da justificação pela fé; a qual registrou em seu diário:

Já era quase 21 horas. Enquanto ele descrevia a mudança que Deus faz no coração pela fé em Cristo, senti meu coração estranhamente aquecido. Senti que confiava em Cristo, somente em Cristo, para a salvação, e me foi dada uma garantia de que Ele havia tirado meus pecados, até os meus, e me salvara da lei do pecado e da morte.

Em 1739, Wesley aceitou o convite de seu amigo George Whitefield, que precisava de ajuda para pregar ao ar livre aos mineiros próximo a Bristol. Até aquele momento, Wesley não tinha considerado como opção pregar o evangelho fora dos púlpitos, como Whitefield fazia (algo muito inovador para a época). A aceitação dos mineiros o fez continuar compartilhando as Escrituras em locais públicos, muitas vezes com pessoas pobres que não eram bem recebidas dentro da igreja e até mesmo eram negligenciadas por ela. 

 John Wesley logo se tornou o novo líder desse movimento de pregação pública. Ele e seu amigo George Whitefield, que era calvinista, discordavam quanto a doutrina da predestinação. Para Wesley, os cristãos poderiam desfrutar de plena santificação nesta vida, amando a Deus e ao próximo, sendo mansos e humildes de coração, abstendo-se do mal e fazendo tudo para a glória de Deus. As divergências de opinião entre os dois acabou gerando sua separação. Com isso, e sem o apoio e compreensão de ministros anglicanos em relação a sua abordagem, John precisou encontrar pessoas dedicadas que pudessem ajudá-lo, ainda que fossem inexperientes, para que se tornassem pregadores itinerantes e o auxiliassem na administração das suas sociedades metodistas.

Os seguidores de Wesley se encontravam em “sociedades” domésticas. Quando essas sociedades ficaram grandes demais para os membros cuidarem uns dos outros, Wesley organizou classes, cada uma com 11 membros e um líder. Eles se reuniam semanalmente para orar, ler a Bíblia, falar sobre sua vida espiritual e coletar dinheiro para a caridade. Homens e mulheres se encontravam separadamente, mas qualquer um poderia se tornar líder de classe. Sempre metódico, Wesley organizou os grupos em sociedades, depois classes, conexões e circuitos, sob a direção de um superintendente. Seu irmão Charles e alguns outros ministros anglicanos se uniram a ele mas era John que pregava a maior parte do tempo. Os pregadores e ministros leigos se reuniam ocasionalmente para debater o avanço de suas ações, o que mais tarde se tornou a sua conferência anual. Em 1787, Wesley foi obrigado a registrar seus pregadores como não anglicanos. Ele, no entanto, permaneceu anglicano até a morte.

Ainda que John Wesley agendasse sua pregação itinerante para não atrapalhar os culto anglicanos , o bispo de Bristol se opunha. A ele, Wesley respondeu com a célebre frase (que mais tarde seria usada por muitos missionários): “O mundo é minha paróquia”. Em todo o tempo de ministério, ele manteve o mesmo ritmo: viajava mais de 6 mil km por ano para pregar boas-novas pela Europa. Wesley viu uma grande oportunidade para levar a mensagem de Deus fora da Inglaterra. Em 1741, ele foi para Gales, no ano seguinte voltou a viajar pela Inglaterra, em 1747 foi para a Irlanda e em 1751 para a Escócia. Em algumas cidades, John Wesley esteve por diversas vezes, garantindo que as sociedades formadas continuassem ativas e trabalhassem fielmente para o Senhor. Wesley enviou dois pregadores leigos para servirem nos Estados Unidos, que recentemente proclamara sua independência da Grã-Bretanha, e nomeou George Coke como superintendente naquele país. O Metodismo estava se afastando da igreja da Inglaterra como uma denominação cristã à parte.

A fé que John Wesley tinha amparava-se numa doutrina bíblica correta. Mas ele compreendeu que essa doutrina não se tratava apenas de uma bela teoria ou filosofia, era antes um estilo de vida embasado em valores e prática missionária, que implicava em santidade, amor ao próximo e compaixão. Essas se refletiam em suas ações de cidadania, justiça e defesa. Embora muitas vezes sofresse perseguições e provações, ainda sim o Senhor o honrou trazendo multidões que se reuniam para ouvi-lo falar. E, por mais que a igreja lhe fechasse as portas tentando calar a sua voz, Deus lhe dava estratégias para alcançar almas. Certa vez, John Wesley foi proibido de pregar na igreja de Epworth, onde seu pai pastoreou durante anos, e usou o túmulo de seu pai, situado no pátio externo dessa igreja, como seu púlpito, pregando para uma pequena multidão que se reunira ao seu redor.

Durante seus 54 anos de ministério o Metodismo deu um salto de 4 pessoas para 132 mil. Setenta e duas mil na Europa, 60 mil nos Estados Unidos e isso pelo trabalho disciplinado, fé e empenho de John Wesley tendo sidos abençoados pela graça de Cristo e pelo fogo divino que ardia em sua alma por amor aos perdidos. A disciplina rigorosa e a ética do trabalho impecável, incutidas por sua mãe desde cedo em sua vida, foram benéficas para Wesley como pregador, evangelista e organizador de igrejas.Seu último sermão aconteceu no dia 23 de fevereiro de 1791, e em 2 de março, John Wesley descansou no Senhor. Na noite anterior, cantou louvores ao Senhor, dizendo: “O melhor de tudo é que Deus está conosco!”.

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“Neste volume, selecionamos sermões dos grandes pregadores George Whitefield (1714–70), John Wesley (1703–91), Jonathan Edwards (1703–58) e Charles Spurgeon (1834–92) que abordam o tema da santidade de forma muito pertinente.